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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O GAMBÁ NÃO É A RAPOSA
QUE CUIDA DO GALINHEIRO

Adivinhe quem está decidindo como e quem deve fazer manifestações de rua no Brasil da Silva? Eles, o governo e os políticos, justamente eles os acusados de corrupção e negligência criminosa no trato da coisa pública. Eles estão fazendo as regras e reformulando, bem a tempo de blindar a Copa e as eleições, as passeatas e os protestos populares.

Já que a manipulação dos Black Bloc veio à tona, agora a ideia é responsabilizar quem quer que seja que, indignado e cansado de desmandos e desigualdades, tenha a ousadia de sair às ruas para protestar contra a patifaria sistemática e organizada que domina os poderes constituídos dessa República dos Calamares.

Daqui pra frente, tudo vai ser diferente: qualquer altercação ou desentendimento com um desses gorilas fardados de escudos, cacetetes, pistolas elétricas, gás de pimenta e bombas de defeito moral, podem prender você como se fosse um blackbosta sem máscara, um mercenário sem o status da propina distribuída pelas vaquinhas das máfias políticas e partidárias.

E até provar que gambá não é raposa, você vira um ficha-suja tipo assim esse Caio Laranja, o Fábio Tatuador, ou até quem sabe uma instigante Sininho, boa de boca de rua.

Daqui pra frente, você será surpreendido no meio da sua passeata contra corruptos e malfeitores paraestatais, por bandeiras de partidos, ONGs de fachada e sindicatos pelegos. E será tido como um deles.

O governo, os políticos, os partidos, os sindicatos pelegos, estão assumindo a reformulação das manifestações populares no país. Logo eles. Os mesmos que deixaram o Brasil fora de controle, agora estão assumindo o controle das vontades do povo. É a velha raposa cuidando do galinheiro.

Quanto a você, meu prezado cidadão indignado e farto dessa democratura patife, recolha-se a sua insignificância. Fique em casa e veja pela TV como o Brasil da Silva sabe lidar com quem ainda tenta reagir contra a corrupção, as desigualdades sociais e os péssimos serviços de educação, saúde, transporte, segurança.

E, no glorioso outubro vermelho, obrigado a votar, você vai lá e elege o mesmo corrupto que afastou você das ruas e o transformou num reles complemento da velha massa de manobra. Há um cheiro de gambá insuportável que infesta esse ano de Copa e de eleições.