O BRASIL DA SILVA NOS DEIXOU ASSIM

E então, como é comum no submundo dos animais sociais, está em pleno vigor no Brasil da Silva a regra dos contratos sociais não-escritos.

Corre frouxa a cultura do toma lá, dá cá. Se tu me compras, eu me vendo mas te faço meu refém. Sempre que eu quiser algo de ti, tu terás que me atender, ou sofrerás as consequências da delação, da desmoralização pública.

Então, antes que isso aconteça, inspirar o medo é bem mais eficaz do que promover a amizade. E assim se vai mantendo uma relação de troca-troca que mantém a reputação graças ao permanente risco de vinganças rápidas e de extrema eficiência. Se a velha amizade cair por terra, tanto faz. Importa que - bem pior do que no jogo do bicho - no Brasil da Silva vale o que não está escrito.

Agora mesmo, na antevéspera das eleições desse outubro vermelho, o PMDB chantageia Dilma Vana e se diz "independente". Bonito, não? Uma ova! O PMDB está pressionando  o governo para ter mais cargos do que já tem nessa República.

E qual é arma nesse confronto? Nenhuma que pese no bolso de qualquer um deles. Não foi sacada sequer uma caneta, pois nesse tipo de relação política, não há assinatura de nada. Vale o que está na ponta da língua. E o PMDB já disse que quer mais cargos, ou então que o PT vá se virar com suas nanicas siglas satélites, sem a sua ilustre companhia.

Tanto quanto os petistas, os líderes peemedebistas sabem que o PT sozinho não ganha nem eleição para síndico de condomínio. E assim é que, sem nada escrito, tudo na mais honrada confiança, Dilma Vana é refém de seus mais fortes aliados.

Para o os brasileiros deveria ser uma lástima ter um governo com tanto poder e que, por isso mesmo, tenha que se submeter às vontades e às ordens de seus parceiros. Deveria ser uma lástima, mas não é.

Os brasileiros são reféns de pequenas compras como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Fome Zero, um empreguinho pro filho, um bico de luz na frente da casa... O Brasil da Silva é assim e nos deixou assim.