VAI TER ENTREGA DE TAÇA
Assessores de Dilma querem inaugurar uma nova e amplificada consonância popular.
Pronto, entusiasmada pelo ufanismo gerado pelas arquibancadas loiras de olhos azuis e pelo ufanismo gerado pelas Fifa Fan Fest, Dilma Vana acordou o espirito guerrilheiro que adormecia, há bom tempo, dentro do seu peito e confirmou que "Vai Ter Entrega de Taça". E paparrotou mais ainda: "Vaias são ossos do ofício".
Tá, mas é preciso ser muito invertebrado o sujeito que leva uma vaia estrepitosa, que é xingado de filho dessa e daquela, disso e daquilo, que fica quieto num canto, mesmo que seja num camarote,ouvindo milhares de pessoas fazendo rima pra chuchu, aguentar calado e impávido, como se uma vaia fosse mesmo só o aplauso de quem não gosta.
Sei lá, eu já estou achando que o boquirroto Lula da Silva outra vez falou demais quando disse que a vaia e os xingamentos "foram orquestrados por uma 'elite branca' que tomou conta dos estádios".
Ele não falou, ele dedurou um esquema previamente montado.
Ele deu com a língua nos dentes - deu, ou arrastou a língua nos dentes - e acabou vazando mais uma estratégia de exposição monumental na vitrine de um palanque internacional.
Bolas, afinal, aquela vaia da abertura da Copa foi só um ensaio para o que está sendo preparado para o Maracanã, no dia 13.
Lula abortou o plano de mídia secreto embasado no adágio "falem mal, mas falem de mim"; ele quebrou o sigilo do plano urdido pela turma da president@ na versão governista, curta, grossa e ousada do marketing de guerrilha sustentado no slogan "vaias são ossos do ofício".
Até dia 13, até à data da entrega solene da taça - de olho nos estimados 3,6 bilhões de telespectadores, a super-estrutura de publicidade e marketing de Dilma Vana, já terá encontrado uma outra rima para o singelo e bem-comportado refrão "Huhuhu Dilma vai papar chu-chu!".
É que Dilma pretende aproveitar a ocasião para inaugurar a pedra fundamental dessa nova composição sonora, dessa nova, digamos, amplificada consonância popular. Se não acharem essa rima a tempo, o pau vai comer.
E então estamos combinados: Vai ter entrega da taça. Vai ter vaia. "Não vai ter baderna".
Mas, saibam todos, desde já, que vaia não é baderna; é osso de ofício.
RODAPÉ - Com o rígido esquema de segurança montado à base de cavalos, coturnos, tanques, fuzis e gás pimenta, não se espantem se, no dia 13, na porta do Maracanã durante a rigorosa revista nos torcedores, for adotado o uso compulsório de mordaças para quem quiser entrar. Mordaças brancas, para que não pareçam coisa de black blocs.