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sábado, 4 de maio de 2013

Idosos e Homossexuais esquentam o consumo

Carlos Eduardo Behrensdorf
Foto/Arquivo CEB
 Novos tempos, novos mercados. Novos mercados, novos ganhos.
A credibilidade dos cartões de crédito afastou ou mascarou velhos e fortes conceitos e preconceitos tendo como alvo homens velhos e mulheres velhas, homossexuais e lésbicas, sozinhos, sozinhas, acompanhados ou acompanhadas, sem haver preocupação ou restrição sobre quem acompanha quem.

Os armários abriram geral. Entre os que se prepararam e se preparam para o chamado novo nicho de mercado estão a hotelaria, restaurantes, bares, boates, cruzeiros, pacotes para passeios dentro e fora do Brasil, lojistas de todos os setores.

Assim, tudo o que antes era negado a gays e lésbicas, forçando a uma auto-segregarão caiu, diante da atraente e indefensável avenida do consumo para clientes especiais e com capacidade de consumo de média para boa ou muito boa.

Se não me engano, uma das primeiras boates de lésbicas que vi no Rio de Janeiro ficava na velha e sempre acolhedora Galeria Menescal na Nossa Senhora de Copacabana e se chamava “L’Étoile”.
           
Os homos ocupavam a Galeria Alaska, no Posto Seis de Copacabana na Avenida Atlântica. Por lá havia um boteco barra-pesada, o Rolando, de um pernambucano que vendia uma cachaça de primeiríssima.

Na velha galeria a fauna era variada: jogador de futebol, piranha, patricinha bêbada, garota de programa, gays de todas as classes, garotos de programa, músicos, artistas de TV e cinema, donos de grandes casas de turismo, comerciantes e comerciários, presidentes e diretores gays de grandes empresas.

Nos anos sessenta os play boys chegavam de lambreta
e corrente na mão. A pancadaria era geral e quem tinha perna fugia mesmo tropeçando no salto alto do sapato.

No início da década de 60 era desse jeito: homem que não era homem era veado, bicha ou travesti; mulher que não era mulher era paraíba, machorra ou sapatão e garoto de programa era michê.

Nos anos 70 a barra ficou mais leve. Na área funcionavam os bares da Atlântica, os botecos pé sujo de dentro da galeria, cinema, teatro e uma das mais famosas discotecas da época, o Sótão Disco Club.

O Sótão era uma discoteca gay, destinada a homossexuais e simpatizantes, os donos eram gays, assim como o gerente, o chapeleiro, o guardador de casacos e bolsas na imitação de casas noturnas da Europa. Até o gato miava diferente.

Todos eram bibas e o Sótão tornou-se uma verdadeira “Bibalônia”. Por lá mataram Almir, um baixinho invocado que jogou pelo Vasco, Flamengo e Bangu. Se não foi isso foi quase isso.
           
Houve uma época distante na qual o Ministério das Relações, o Itamaraty, resolveu dar um refresco aos homossexuais e alcoólatras da casa de Rio Branco. Vinícius de Moraes estava na lista dos dispensados.

Dizem os amigos e relataram os cronistas da época que, ao chegar ao aeroporto, Vinicius já anunciou aos presentes: “Eu sou bêbado!”. E foi pra Ipanema abrir os trabalhos.

RODAPÉ - O artigo de hoje é dedicado ao presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados o ínclito, pacifista, sensível, emotivo, cristianíssimo, sem falsos pudores, humanitário, incompreendido e fofo deputado federal e pastor Marcos Feliciano (PSC/SP). O autor. (Carlos Eduardo Behrensdorf)