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domingo, 5 de maio de 2013

Santos 1x1 Mogi Mirim

Mais vale uma pipoca que um gol de bico

O sábado corria normal. Normal, como pode correr qualquer sábado, nessa democracia de larápios. Aí, no sopé da happy hour peguei pipoca e guaraná amazonense e apareceu Neymar na TV. Pronto, Santos x Mogi Mirim para saber que ficaria para a final do Paulistão desse meio ano que acaba em junho/julho com a Copa das Confederações.

E porque tinha Neymar e porque era sábado, era o Dia da Criação. Vinícius de Morais - vivo estivesse - assinaria embaixo, ao som de uma embriagada flauta.

Reprodução/globoesporte
Começa a peleja; não, a caçada. Neymar é perseguido pelas canelas. Não conseguem achar o seu calcanhar de Aquiles.

Com Neymar em campo, o goleiro Rafael não deveria dar chutão pra frente. Bola pelo alto, tipo "rapadurinha pra dois" é desvantagem para o craque; qualquer brucutu quase se iguala.

O menino Rafael deveria treinar no São Paulo, com Rogério Ceni. Aprenderia a "sair" jogando; aos poucos seria, com seu talento e juventude, o 12° jogador de linha do time santista. Bem do jeito que Rogério Ceni faz no Tricolor paulista que até hoje parece não se dar conta disso.

Despautério na imprensa esportiva: um poste iluminado com Luiz Fabiano passa 89 minutos desligado, sem ver a cor da bola. Pega um rebote e mete de bico. Vira "Fabuloso" na boca do túnel. Neymar dá 20 dribles num espaço de 20 centímetros de gramado, leva 35 porradas, não faz gol, mas participa dos cinco ou seis que o Santos faz... Aí, "não esteve nos seus melhores dias" para os ensandecidos dos microfones.

Que delícia essa pipoca! Humm... Bem dizia o saudoso filósofo Zé Alam das quadras salonistas da pátria pequena que eu deixei lá no Sul,  "mais vale uma pipoca que um gol de bico"!

Segue tudo normal. Nem parece que hoje é sábado e que anda por aí um padre à paisana. Eis que ao apagar das luzes, gol do Mogi Mirim. Gol de cabeça. Bolas, Rafael, se o Neymar fosse goleiro mandava essa para escanteio.

Mas ainda falta o gol de Neymar. Pena, acabou o primeiro tempo.

Vem o segundo tempo. Sei lá por que cargas d'água me lembrei de Agnelo Queiroz. Já sei: é que ninguém gosta mais de um Segundo Tempo quanto ele.

Lá se foi meia hora de etapa final. Montillo continua jogando no Santos como se nunca tivesse saído do Cruzeiro. Seu futebol ficou por lá. E o Santos se encaminha para onde o Muricy Ramalho merece: faz tudo pra ficar fora do campeonato.

Mas ainda falta o gol de Neymar.

Reprodução/Lancenet
Que sorte tem esse Muricy: Montillo se machuca sozinho. E logo em seguida, Edu Dracena se vinga do gol que deixou o cara do Mogi Mirim fazer. Meteu o seu de cabeça, só pra chatear e empatou a partida de jeito a mandar tudo para a decisão por pênaltis.

Mas ainda falta o gol de Neymar.

Fim de jogo. Roger, o N° 8 do Mogi ganhou o troféu Bons Modos. Toda vez que fazia uma falta em Neymar pedia desculpas. Em 90 minutos desculpou-se 104 vezes.

Pronto, hora das penalidades. Bateram um monte. Erram pra burro. Neymar acertou o dele. Rafael pegou tudo que tinha rezado antes das cobranças e durante o jogo todo. Rafael reza mais do que joga. E então veio o último grandalhão do Mirim e Rafael pegou. O Santos está na final.

E já não falta mais o gol de Neymar. Como é bom ver Neymar jogando até quando não está nos seus melhores dias. Pipoca é a melhor coisa pra quem gosta do bom futebol. Muito melhor do que qualquer gol de bico.