O Brasil sério vai afogar o Brasil da Silva
Eu estava meio cabreiro com relação a minha participação nessa oportuna e avassaladora onda de protestos de rua, impulsionada por essa geração indignada com a corrupção, os desmandos, as falcatruas, a impunidade, a blindagem de mensaleiros e seus chefes e não suporta mais as desigualdades sociais.
Fui a duas dessas manifestações aqui em Brasília. A uma delas fui com meu neto, uno e indivisível. Eu me vi assim como um mero espectador e um fanático torcedor. Meus aniversários já levaram com o tempo a energia corporal de outrora, mas ficou na alma, no coração, na vida, o espírito de luta.
Aí, veio esse papa, o humilde Francisco, dono de um humanismo ferino que jamais perde a ternura. E ele me mostrou o caminho das pedras: "A força dos velhos está na experiência de vida. Os velhos precisam ouvir os jovens; os jovens devem escutar os velhos".
Minha voz é melhor ouvida hoje quando escrevo. Eia, pois, que será escrevendo que melhor me farei ouvir. E é assim desse jeito que vou sair às ruas, todas as ruas onde meus escritos chegarem.
E assim é que me juntarei a essa geração que quer mudanças de comportamento, reformas éticas e atitudes morais no nosso país; e assim me juntarei a esses jovens que já são um poderoso e irrefreável fator de transformações sociais. Tô com eles e não abro.
E Já não me sinto um mero espectador; sou um torcedor fanático pelo Brasil sério e honesto que afogará, nas ondas de indignação que correm pela ruas, o pernicioso Brasil da Silva que nenhum homem de boa vontade aguenta mais.
