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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Celso de Mello, a piada de salão e a chave

Os mensaleiros descobriram que só a Justiça não conseguiria salvar suas peles, juntaram os cacos da lei e se deram bem.

Como se esperava - mas não se queria e nem devia - Celso de Mello decidiu pelos embargos protelatórios e os corruptos, lavadores de dinheiro e quadrilheiros terão nova análise de sentenças, sabe-se lá para quando ou perto do Dia de São Nunca. Taí a piada de salão que Delúbio Soares previu.

O placar ficou em 6x5 para os mensaleiros. Com o voto que me enerva, 12 dos 25 malfeitores condenados terão suas sentenças reexaminadas, inclusive o subchefe Zé Dirceu, o piadista Delúbio Soares e Zé Genoíno, o débil.

Cansativo a dar com um pau, Celso de Mello vestiu tanto a carapuça de julgador que está até agora lamentando não ter julgado a favor das duas partes interessadas: o Brasil e os mensaleiros.

Cá pra nós, o Brasil pode viver com leis injustas, flácidas, molengas; mas já não aguenta mais viver com tribunais delongados e pernósticos que não administrem bem a justiça.

É como a gente vinha dizendo aqui e ali e acolá: na justiça brasileira sempre se corre perigo. Se não somos atingidos pelas leis, somos derrubados pelos juízes.

Os mensaleiros descobriram que só a Justiça não conseguiria salvar suas peles e então juntaram os cacos da lei e se deram bem.

A triste realidade é que a organização sócio-política no Brasil da Silva - República Democrática descoberta em 2002, quando Lula subiu a rampa - se sustenta nos arcabouços da lei que é usada como forma aparente de justiça para a consagração sistemática e organizada do Estado de Pilhagem que tomou conta do País.

A mais alta corte de justiça não foi aparelhada e montada, membro a membro, pela Presidência da República - em "obediência" à Magna Carta - senão para a conveniência do mais forte. O STF é hoje o Supremo Tribunal do Governo Federal.

De minha parte, folgo às escâncaras em saber que essa procrastinação, esse jogo de empurra com a barriga para o todo sempre, vai desaguar no ano que vem, em cima do período eleitoral e causar sérios danos ao senhores dos anéis.

Fico agora, mais do que nunca, com o sentimento e a convicção de que o alongamento legal concedido por Celso de Mello foi uma verdadeira absolvição para os réus. E, no direito moral, a absolvição do culpado é a condenação do juiz.

Quanto aos brasileiros de boa vontade, resta-me a pretensão de relembrar que a justiça não cabe nunca ao lado do povo quando ela não se põe no seu devido lugar.

Ao invés de encerrar sua carreira com chave de ouro, Celso de Mello vai fechar a sua trajetória com uma suprema, simbólica e significativa chave de cadeia.