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domingo, 9 de junho de 2013

Treinador não leva frango, não agarra pênalti e não faz gol

Se estivesse nas eliminatórias, talvez o Brasil se classificasse nos pênaltis; talvez.

Cansado de uma viagem com 800 km de rodovia entre Rio Preto e Brasília, fui me deitar bem mais cedo que de costume, ouvindo a Jovem Pan e, por azar, uma entrevista coletiva com Luiz Felipe Scolari.  Ninguém merece.

Eu tinha na ponta dos dedos todo o poder do mundo para desligar e dormir em paz. Mas, estava sem sono e o besteirol era tamanho que não resisti. Fiquei escutando perguntas idiotas e respostas tão arrogantes quanto sem noção.

Com sua empáfia de sempre defendendo veladamente seu emprego na CBF, Felipão chegou a discorrer até sobre a "maravilha" que é conhecer a Europa e outros continentes para se aprender a jogar futebol.

Desdenhou, com sua forçada naturalidade, do ridículo 22° lugar em que nos encontramos. Disse que a Fifa é que está errada. É que como país-sede da Copa "o Brasil não está disputando as eliminatórias e isso não marca ponto".

Não falou que há quase quatro anos o Brasil não ganha de uma seleção de elite; nem que Mano Menezes enterrou o nosso futebol, com uma das piores trajetórias em termos de resultados dentro de campo. E olha que Mano não enterrou só a Seleção; ele matou os campeonatos regionais, estaduais e brasileiro, desfalcando com suas excursões mundo afora os principais clubes nacionais dos quais levava consigo as suas melhores estrelas.

Felipão muito menos tocou neste seu pífio retorno à CBF.  Tem uma derrota, uma vitoriazinha e quatro empates. Scolari não ganhou de ninguém até agora - Bolívia 4 x 0 não vale. Se estivesse disputando as eliminatórias, talvez o Brasil se classificasse nos pênaltis; talvez.

Mas, do alto de sua autoridade, Felipão ainda puxa as orelhas e dá sermão em quem acha que os entornos dos estádios está um caos porque "lá fora também não é a beleza que vocês pensam".

Fala assim como se só ele tivesse viajado pela Europa e "outros continentes". Fala assim, como se o mundo hoje não fosse logo ali. Nem sequer tocou nos bilhões de reais que o governo está achacando das burras públicas para agradar à Fifa "que está errada" e nos contempla dadivosa com a permissão de se vender acarajés nos tais elefantes brancos. Pelo menos, uma agrado para a Bahia, já que nos estádios o resto do Brasil come amendoim e um que outro exemplar de McDonald.

Negócio é o seguinte. Pensemos, pois, no Brasil que não deve dar bola para o humilhante 22° lugar em que se encontra. Então por que sempre nos vangloriamos de ser os primeiros, o País do Futebol, os pentacampeões do mundo? Quando tá bom, vale; quando está do jeito que está, é besteira?!? Em sendo assim, a 22ª posição é natural. Pelo menos para ele, Felipão.

Pensemos, pois, em futebol. Quem é mais importante, o treinador ou o craque? Se, quem joga bola, quem leva multidões aos estádios é o jogador, então que poder é este que, de repente, se deu ao técnico de futebol e seus "projetos estratégicos" no Brasil?

É como se só eles, apenas eles os técnicos feitos nas coxas entendam de futebol; como se só eles - desse grupelho seleto, unido e que jamais será vencido - sejam mais importantes que os craques, mais até que os dirigentes, muito mais que os torcedores que, na sua maioria esmagadora jogaram bola, são peladeiros ainda hoje e têm nos pés um futebol melhor do que zagueirões de granja como o próprio Felipão foi um dia?

Treinador joga no gol, toma frango, agarra pênalti? Treinador, mata no peito e sai jogado do meio da área e lança o volante para armar o contra-ataque? Treinador, faz o que Neymar faz no campo todo, ou o que um Luiz Fabiano não sabe fazer fora da área? Treinador faz gol contra; faz gol no último minuto da prorrogação? Treinador é culpado quando o time não se acerta em campo e perde o jogo?

Não?!? Não tem nada a ver com isso?!? Então, treinador de futebol é uma coisa assim que quando o time perde é porque ele não entrou em campo, não dividiu bola com ninguém, não fez gol em ninguém. E quando ganha... Também!

Treinador no futebol atual é tipo esses consultores que fazem negócios com a República; só serve para aconselhar compra e venda de jogador; alisar dirigentes e dar entrevistas com espírito de corpo e cara de profeta do acontecido.

Antes do jogo, fazem segredo; depois do jogo distorcem o que todo mundo viu. Treinador é bom para achincalhar repórteres que se submetem às "sistemáticas e organizadas" entrevistas coletivas; treinador serve mesmo é para e enganar torcedores de boa fé. Ninguém merece.

Nem mesmo o futebol brasileiro que se encontra na desmoralizante 22ª colocação no ranking da Fifa, consequência inevitável do trabalho genial dessa geração de técnicos donos da verdade nesse futebol que, justamente por sua causa, deixou de ser desde 2002 uma caixinha de surpresas. Ninguém merece.

RODAPÉ - O último título mundial da Seleção Brasileira foi o pentacampeonato, com Felipão, no Japão e na Coreia do Sul, em 2002. De lá pra cá, teve início a Era Lula.  A coisa tá ruça, mais uma vez. O Cara não sai da volta. A Copa do Mundo e toda essa maracutaia acabaram por aqui, por causa dele. E não adianta disfarçar com Dilma. Quem manda é ele. Em 2014 a Seleção Brasileira vai levar mais um pé-frio no traseiro.