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quarta-feira, 12 de junho de 2013

A MÍDIA ANDA DE CANOA FURADA

O desvio de atenção dos grampos americanos para cima de Edward Snowden, delator do esquema criminoso de invasão de privacidade montadopelo governo Obama, é uma canoa furada em que a mídia embarca sempre com uma convicção que chega a beirar a ingenuidade dos cruzeiros turísticos que atravessam os oceanos por esporte e puro lazer.

Snowden revelou um crime inominável cometido pelo governo Obama contra a privacidade dos cidadãos americanos, dos cidadãos do mundo todo, do Google, do Facebook e quem vai preso agora é o denunciante que está escondido em Hong Kong. Obama pode ser encontrado no salão oval da Casa Branca, todo santo dia, em horário de expediente.

Aqui se dá o mesmo à toda hora. Quando vem à tona uma fita com 122 telefonemas grampeados pela Polícia Federal entre o rufião e a dona de um bordel com jeito de escritório oficial do governo, a própria Polícia Federal afunda o barco, diz que não havia a fita que ela mesmo mostrara e o assunto morre na casca do navio que vai sossobrando.

Mas este é só um pequeno desvio de rota. A canoa furada em que a mídia brasileira embarcou à beira do cáis da Operação Porto Seguro, foi o desvio de rota que noticiou o romance proibido que se espraiava tanto pelo rendez-vous do governo genérico em São Paulo, quanto andava de carona pelos ares do mundo inteiro, onde quer que o Brasil da Silva fosse. Desde que a outra, a titular, não fizesse parte da comitiva.

A canoa furada da mídia se mandou Porto Seguro afora, em direção oposta ao verdadeiro, mais importante e criminoso motivo da viagem: a roubalheira que se processava no convés da nau dos insensatos; a pirataria desbragada do tráfico de influência; o desvio de riquezas do Tesouro; as consultorias de araque, a falsidade ideológica de boca na botija, ou por escrito e por extenso.

Foi nessa canoa furada que a mídia brasileira embarcou. Quis tratar mais do escândalo Rosegate, do que saber do assalto da galera capitaneada pelo pirata da cara de pau, do olho grosso de vidro e do dedo do mal aos cofres da máquina pública.

O comportamento da mídia é o mesmo de sempre, aqui ou na Terra de Marlboro. Na hora de formar opinião, submete-se à linha editorial imposta pelos patrocinadores aos seus diligentes patrões. No Brasil não há nenhum anunciante maior, mais rico e mais perdulário do que o governo.