CERTO PERDESTE O SENSO!
E pois então lá se foram as festas pirotécnicas de fim de ano no Brasil da Silva, cercadas por milhões de brasileiros famintos por novas emoções, fissurados em vencer o medo com a esperança que o artifício dos fogos fustiga em luzes nos bons corações brasileiros.
Lá se foram as festas, veio o novo ano e as multidões que saíram às ruas não contaram dessa vez com a astúcia dos que contratam os vândalos blackbostas para fazer baderna profissional e afugentar os cidadãos de boa vontade das ruas, confinando a população de bem em suas casas gradeadas e ornadas com singelas e impotentes cercas eletrificadas.
Não havia nenhuma razão oficial, desta feita, para calar a voz rouca das ruas. O show de estrelas vermelhinhas da Silva nos céus da pátria amada, idolatrada, não careceu de contratar mercenários.
O povo que gosta de luzes e abóbodas celestes artificiais tomou-se sozinho do espírito de alegria que os donos do poder, aqueles que se apropriaram da República, tanto admiram pelo efeito de brandura que abraça a consciência nacional e deixa em paz a solércia, a velhacaria e a astúcia dos que mandam nesse Brasil da Silva.
Dessa vez o povo saiu às ruas para festejar o Brasil, mãe-gentil que ele gostaria de ter daqui pra frente. Saiu para ver brilhar estrelas e ouvir os sons da esperança no céu da pátria nesse instante. Mas olhai aqui, meu povo, não menosprezai Olavo Bilac: "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!".