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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A CULPA

Você não é o que Lula foi, porque a culpa é sua. Ele foi presidente, porque você não foi e nem tentou ser presidente. Pior, você deixou que ele fosse presidente. E você, minha cara, não é a Dilma porque você não é a president@. Pior, muito pior, você deixou que Dilma seja a president@a. A culpa é sua. Mas não toda sua. A culpa é nossa.

Nós não somos ministros, nós não somos terceirizados, nós não presidimos o Supremo Tribunal Federal, nem mandamos nada no Judiciário; nós não mandamos na Câmara, no Senado, nem nas casas de vereança, ou nas Assembleias Legislativas, nas Prefeituras, nem nos palácios de governo dos nossos estados. Pior, muito pior, nós somos os culpados dessa máquina emperrada e fajuta estar nas mãos de quem está.

Nós não mandamos no sindicato da nossa categoria; pior, muito pior, nós somos os que deixamos os pelegos que aí estão mandarem no nosso sindicato. Nenhum de nós foi reitor da universidade da nossa terra; pior, muito pior, nós deixamos os caras serem reitores da nossas universidades.

Nós não presidimos nem dirigimos nenhum dos chamados organismos de defesa do cidadão - coisas assim como Procons, Dieeses, CDLs, associações comerciais, centros de indústrias, clubes de serviço, igrejas, paróquias, dioceses, federações, institutos, organizações não-governamentais, concessionárias de rodovias, ferroviais, terminais portuários, aeroportos, clubes sociais, nem desportivos ou carnavalescos.

Pior, nós deixamos que tudo isso, que todo esse sistema misto de democratura e ditabrandura esteja sob domínio indébito e controle férreo e dissimulado de quem está: nas mãos dos senhores de anéis da nossa vida pública e também da privada.

O governo é culpado desse desregro, dessa imoralidade, desse espírito corrupto e canalha que grassa por aí? É! Mas trata-se de síndrome adquirida; gradativamente adquirida de você, de nós todos que nos aplastamos diante de sua hipocrisia, de sua falácia, de sua perniciosidade. A culpa é sua; a culpa é nossa. Eles nos parecem grandes, maiores do que nós, porque estamos de joelhos.

O Governo é o que é em todos os escaninhos de sua aparelhagem de poder e de mando, por ser a imagem e semelhança do que é a iniciativa privada em todas as suas gôndolas travestidas de ferramentas protetoras da decantada cidadania.

Há, porém, um alento para quem é de fé: quem ajoelhou tem que rezar. Então mãos ao rosário; o nosso terço pode estar começando. Quem sabe começa hoje mesmo a nossa reza forte: pense em você mesmo como se fosse o dono do lugar que um dia foi de Lula; pense em você mesma como se fosse dona de uma cadeira onde a criatura Dilma hoje está sentada à mão direita de seu criador todo poderoso.

Pense que você pode ser o presidente da CDL na próxima gestão; capitão de indústria sem olho de vidro, perna de pau e cara de mau; pense em você como dirigente da AABB, do Sesc, do Sesi, da Fiesp, da Fiergs, da Associação Rural, do MST de verdade, das versões puras de uma CUT, de uma UNE - como se isso seja possível.

Pense em você como líder do seu sindicato, como porta-voz do IBGE, pastor do seu próprio templo que não tem lotes no céu, presidente da Academia Brasileira de Letras, dirigente do seu clube de serviço, diretor de futebol do seu time do coração; quem sabe até presidente da CBF.

Pense em você como dono de um jornal sem pauta ditada pelo patrocinador; veja-se como âncora de TV do seu jornal sem patrão.

Pense em você como o cara de paz, entendido em democracia pura, destituído de voracidade pelo poder; pense em você como um cara que saiba fazer saber e saber fazer que pode começar a revolução de paz e lealdade que o Brasil precisa. Ponha essa pandilha de sevandijas no seu devido lugar.

Melhor, ponha-se você no seu devido lugar. Seja a liderança séria, honesta, pacífica, ordeira e capaz que vai redescobrir o Brasil. Pode ser até que demore um pouco, mas - como diria Papa Francisco - "eu boto fé em você"! Você tem tempo pra isso. E afinal, tempo é questão de preferência. E aí sim, a culpa não será apenas sua. A culpa será nossa. Como sempre.