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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sem Capacete a 20 km/h

Não há como o trânsito central de uma cidade conviver com motos e bicicletas. O brasileiro dirige de um jeito, desde que o os carros, ônibus e caminhões foram inventados, que desconhece o espaço de quem anda sobre duas rodas.

Criar ciclovias e corredores de ônibus é vender mais que uma perigosa alternativa, uma criminosa ilusão. Motos e bikes não nasceram para se criar em meio aos bólidos repletos de cavalos de força e aos mastodontes de ferro e aço que infestam as ruas e avenidas desse Brasil em que o governo vem deixando todo mundo a pé.

Motos e bikes não nasceram para que seus destemidos condutores morram nas ruas, a céu aberto e inferno escancarado.Nada menos de 23 pessoas morrem por dia em acidentes de moto nesse país. Só no ano passado, 3 mil e 200 ciclistas foram internados em hospitais dessa terra desgovernada.

Pensar que um dia o Brasil vai ser uma China em matéria de ciclistas urbanos é uma tremenda e desorientada aventura. Dejetar regras de segurança para motociclistas e motoqueiros é ejetar mais sujeira no que já é porcaria.

Se não há como proibir o tráfego de carros, ônibus e caminhões, então a carga de responsabilidade vai toda para quem tem audácia bastante para entrar de carona nessa guerra cotidiana do trânsito feroz e sem quartel.

Se há quem tenha cara e coragem para ir à luta então que o faça desarmado de seu capacete, verdadeira máscara que, no fundo, no fundo, só protege a identidade de seu dono.

Sem capacete, os motociclistas, motoqueiros, motoboys, mototaxistas, motobandoleiros, motogangsters, além de mostrar a cara teriam a coragem de não andar a mais do que a 20 km por hora, velocidade bastante para proteger-lhes a vida e garantir a segurança de quem se se anima a dirigir à beira desse abismo em que se transformaram as ruas das cidades brasileiras.

A 20 km por hora - em homenagem ao falecido capacete - mesmo trafegando pelo atraente "corredor da morte" é muito difícil alguém sofrer traumatismo craniano e lesões cerebrais irreversíveis.

A 20 km por hora e com a cara exposta aos quatro ventos é muito pouco provável que um desses ases do guidom tenha coragem de assaltar alguém.

RODAPÉ - O governo trata essa coisa dos veículos de duas rodas nos burburinhos centrais das cidades brasileiras, como trata o cigarro: sabe que mata, mas paga imposto.