NOTÍCIA É A VERSÃO QUE ESTÁ NAS ENTRELINHAS
sábado, 17 de maio de 2014
PERGUNTE PARA ELE
Falando para uma plateia embasbacada de blogueiros amestrados, Lula, o espertalhão que trouxe esta Copa para cá, disse ontem no seu jeito mais grosseiro de ser que é "babaquice" querer que o torcedor chegue de metrô aos estádios.
Isso é fácil para ele, por algumas boas razões: 1) ele é grosso mesmo; 2) reconhecido pé-frio, ele só vai a um jogo da seleção da CBF se for babaca - e isso ele não é: não come titica e nem rasga dinheiro; 3) não gosta de vaia; 4) não anda a pé - ou você já viu Lula caminhando por aí? - vai de FAB, ou coisa que o valha; 5) Ele não será o centro das atenções, pois Dilma pode estar por lá.
Tudo isso faz com seja fácil para Lula desenrolar a língua, abrir a boca e mostrar o que ele pensa do que é moda agora chamar de "mobilidade urbana".
Na verdade, o que a Copa não está oferecendo aos torcedores é transporte, condução, meios de locomoção ágeis e essenciais para que a população possa ir e vir com naturalidade e segurança, não só aos jogos da Copa, mas a todo e qualquer lugar para onde queira ou precise se locomover. Ao trabalho, por exemplo.
Lula, o intermediário, o grande lobista dessa Copa feita para a elite - já que o povo vai assisti-la pela televisão como assistiu outras Copas em outros países - vituperou uma vez mais com a autoridade de quem sabe o que está falando.
Então é assim, se você que não está acostumado a tratar as pessoas com grosseria e malcriação quiser saber o que é "babaquice" pergunte a um babaca. Ele vai lhe dizer o que é "babaquice".
De preferência, pergunte ao babaca que usou o áspero adjetivo com a língua enrolada e da boca pra fora. Pergunte ao babaca, ele melhor do que ninguém vai saber o que é "babaquice".
PAGANDO PRA VER
O reeducando Zé Dirceu recorreu agora ao Supremo Tribunal Federal contra a proibição de trabalhar fora da prisão. Se eu fosse presidente do STF daria logo essa autorização. E cobraria ingresso de quem quisesse ver o Zé Dirceu trabalhando. Cobraria ingresso e doaria a arrecadação para o programa Bolsa Família. Eu mesmo pagaria pra ver esse espetáculo.
LOCOMOTIVA
Dilma enfrentou protesto e ouviu vaias durante o evento que celebrava o Pronatec em João Pessoa. Tomou vaia de servidores públicos estaduais e federais, de mutuários do SHF e de índios.
Tá isso é o de menos. Em qualquer evento que não seja entre quatro paredes, que não se dirija à claque em especial, que fuja do cerimonial, isso sempre acontecerá. Nem chega a ser notícia.
O que interessa mesmo é saber em que momento do dia desse faustoso ano da Copa, Dilma Vana governa o país. Dilma não é mais, há muito tempo, a president@ do Brasil; ela é como diria, Ibrahim Sued, ou qualquer um desses colunistas de butique, uma "locomotiva social".
Até outubro, ela tem tudo para ultrapassar Marta Suplicy no ranking das dondocas mais peruas do soçaite nacional. E a caravana passa. A propósito, se os cães não ladrarem, joga-se brioches para a massa ignara.
PRONTIDÃO
O governo descobriu que a Polícia do Rio de Janeiro pode paralisar durante a Copa. E já tomou providências: quer saber sobre a vida de um por um dos que pensam em aderir à greve. Ah sim, Exército, Marinha e Aeronáutica estarão de prontidão. Peraí, "prontidão" é forte; melhor dizer que estarão de plantão. Nunca antes na história desse país se viu tanto coturno pelas ruas.
DO ENFEITE À MAQUIAGEM
É comovente como o brasileiro ainda não enfeitou as ruas do seu bairro, as avenidas, as portas e janelas para a Copa das Copas. E olha que a Copa é aqui.
Em outros tempos, de copas em outros lugares, qualquer outro lugar do mundo, o Brasil se enfeitava, como se fosse mesmo o País do Futebol. A politização - entenda mercantilização - descarada do jogo de bola, mania nacional, desvirtuou a Copa.
Entrementes, nesse intervalo comercial, não há um caderno esportivo de grande jornal que não esteja colorido de verde-amarelo e cheio de anúncios publicitários; as grandes cadeias de rádio estão cheia de jingles e musiquetas estimuladores do futebol; as redes de TV que antes exibiam chamadas para a Copa de 15 em 15 minutos, agora de 15 em 15 minutos apresentam outros programas sobre outros assuntos.
Na realidade, o Brasil brasileiro já não se enfeita para uma Copa do Mundo como se enfeitava e vibrava antes; hoje está apenas retocando a maquiagem.
O PÉ FRIO
Lula é aquele que não rasga dinheiro nem come porcaria. Já avisou que não vai a nenhum jogo da Copa das Copas. Nem precisa. Para desclassificar a seleção da CBF já na fase classificatória, baste que ele sente na sala diante da TV. Seu pé frio vai longe. Minha porção patriótica conta com ele na torcida em cada jogo da seleção. Sou capaz até de mandar pipoca e, digamos, guaraná puro do Amazonas, para o mentor espiritual e material dessa perdulária Copa no Brasil. É o meu amuleto contra o outubro vermelho que vem por aí.
O LEGADO
E o legado da Copa? O que vamos ter de ônibus, hospitais, escolas e segurança funcionando bem depois dessa Copa vai ser uma coisa nunca vista. Ah sim, está de pé a proposta de transformar cada arena bilionária dessas em complexos penitenciários de segurança máxima. Legar esses estádios para shows e grandes espetáculos, como encontros pastorais e festivais de igrejas, não vai dar pé. O dragão da inflação vai chegar primeiro.