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domingo, 3 de novembro de 2013

74 anos de uma estréia

O tempo - imaginem! - é uma certa parte da eternidade

Nesta segunda-feira faz 24 anos exatos que, por obra e graça, de Luciana e Marcelo - minha filha e meu genro - nasceu Thiago Siqueira de Pinho, meu neto uno e indivisível, precisamente 50 anos depois que eu estreei no mundo, por arte e manha de meus pais, Evalda Thereza e Juliné Siqueira, naquele longínquo 4 de novembro de 1939, plena deflagração da Segunda Guerra Mundial.

Já disse, muitas vezes e muitas outras hei de dizer, que não foi por minha causa que a guerra eclodiu e estou dizendo agora que não foi também porque Thiago chegou em 4 de novembro de 1989 que esse país é o que vocês estão vendo que é, e padecendo hoje o que vocês padecem.

Quando ele chegou, Sarney já tinha dado o pontapé inicial nessa balbúrdia que chamam de redemocratização, instrumento usado também por FHC, Fernandinho Beira-Collor, um pouco de Itamar Franco, Lula e Dilma para transformar uma ditadura militar nesse feudo mascarado de democracia em proveito de uma pandilha de corruptos, estelionatários, mensaleiros e malfeitores do patrimônio público.

O fato é tão importante, as duas datas são tão relevantes para o mundo que eu as relembro aqui e agora, para dizer-lhes que não sei bem como e nem por quê perco meu tempo numa tarde de domingo assistindo a uma atração irresistível:  Goiás x Botafogo. Isso é tipo assim casamento: tem tudo pra dar errado. O Thiago ainda tem tempo, mas eu já estou desfrutando os meus 10 ou 12 por cento, se chegar a tanto.

E eis-me aqui, a desmilinguir minhas boas horas com um jogo que tem tudo para terminar como começou. A melhor coisa desse confronto até agora foi a auxiliar da arbitragem, a bandeirinha. Ela é péssima na lateral do gramado. Acertou todas as marcações de impedimento.

De resto, nessa data querida, com muitos anos de vida, percebo que dentre os incontáveis amigos que fiz e desfiz ao correr dos anos, três ou quatro deles são torcedores botafoguenses. Eles me provaram nesse transcurso todo por essa grande a/ventura que é a vida que há coisas que só acontecem com todo mundo.

Celebrar um aniversário tendo visto na véspera um Botafogo x Goiás é pior que passar pela vida e não viver.  É como uma lição, um alerta: é preciso pelo menos saber matar o tempo. Mas, pensando bem, essa foi a mais verdadeira e exitosa ocupação da minha vida.

E eu agora posso bancar o vô coruja de Thiago e lhe dizer que o tempo só faz falta para aqueles que não sabem aproveitá-lo. A vida é sim, a arte da escolha. E eu tenho ainda um bom tempo para o que der e vier. E se você não sabe, o tempo, qualquer tempo é uma certa parte da eternidade. Bem feito!

RODAPÉ - Meter o jogo Botafogo x Goiás nesse con/texto foi pura artimanha para desviar a atenção para o fato de que os meus 74 anos não são os 24 de Thiago. A vida é dinâmica; o mundo é uma bola.