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domingo, 4 de maio de 2014

Tirania do Fator Previdenciário

Os aposentados vivem resignadamente o outono de suas vidas

Os mais de 12 milhões de aposentados com mais de um salário mínimo têm nesse Brasil da Silva pelo menos o triplo de milhões de parentes, filhos, netos e afins, terceirizados como fieis servidores no governo que nos domina.

Esta é uma das mais vexatórias e poderosas razões do imobilismo dos anciãos dessa nação diante do criminoso fator previdenciário que lhes enfia o pé na cova e da sua cordata submissão aos donos do poder na hora de ir às urnas.

Uma parcela cada vez mais decadente e empobrecida na escala social, os aposentados vivem resignadamente o outono de suas vidas - na sua esmagadora maioria - às expensas de filhos, parentes e afins, justamente aqueles que, sem concurso e sem qualificação comprovada, são remunerados pelas burras públicas para desempenhar o cargo de cabos eleitorais sob a capa de funcionários públicos sem carreira, mas com muita corrida.

Foto/Wilmar Tavares
O sentimento de afinidade e gratidão pelos seus caridosos afins com diploma de carteirinha do partido sufoca a indignação dessa nação de aposentados.

Ao contrário de se rebelarem contra a injustiça reiterada e desumana do fator previdenciário - criado nos estertores do governo FHC - que esse governo vem cometendo sistemática e organizadamente contra eles, os 12 milhões de venerandos inativos se submetem à força da cruel, fria e calculista "estratégia de coalizão" implantada no país por Lula e consolidada por Dilma.

Para o governo e, ironicamente, para os familiares que hoje amparam seus idosos aposentados, tanto faz que a idade, tanto faz que o tempo que realmente importa para uma pessoa, não sejam os anos que ela já viveu, mas sim os que ainda lhe restam por viver.

O que me entristece na resignação desse contingente de 12 milhões de aposentados que chegaram aonde já cheguei é que tudo aquilo que foi costume de liberdade e democracia esteja se convertendo hoje em dissimulada, inevitável e imorredoura tirania.

Essa gente e esse sistema que nos dominam, não prestam. De minha parte, lhes digo: sou aposentado, jamais inativo. Em outubro, vou de bengala até as urnas. Não é por nada, não; acho um charme usar bengala.