Autuar Eike Maravilha dá galho,
ou Assim Caminha a Humanidade
Foto/Reprodução glamurama.uol.com
Outro dia, Pietro Mendes, foi afastado porque aplicou um auto de infração contra a
OGX. Seu remanejamento foi justificado pelo argumento de que multar a empresa não era sua atribuição. Agora o
funcionário Kerick Robery foi trocado de setor por apoiar
publicamente a Pietro Mendes, justo em uma reunião com Rafael Moura, superintendente da área de
operação e meio ambiente da agência.
Mendes é doutor em processos químicos e bioquímicos pela UFRJ e pós graduado em petróleo e gás pela Coppe/UFRJ. E, talvez até por isso mesmo, desde 27 de março está na zona do agrião, afastado de qualquer atividade.
Mendes foi colocado à disposição da área de Recursos Humanos e Robery foi transferido para o setor de abastecimento.
O auto de infração anulado poderia gerar multa de até R$ 15 milhões à empresa de Eike. Foi cancelado pelo superintendente de operação com o argumento de que o técnico não estava designado para essa fiscalização.
Pietro Mendes não baixa a crista: "Tenho estabilidade para resistir às pressões políticas. Ninguém pode interferir no trabalho técnico. Eu estou aqui para fiscalizar. Se não puder fazer isso é melhor ficar em casa".
Entre as atribuições de Mendes, previstas em lei, está a de instaurar autos de infração. Ele disse que, desde 2006, quando ingressou na ANP, foi a primeira vez que teve um auto anulado. O regimento interno da ANP diz que só a diretoria colegiada pode derrubar um auto de infração.
Já Robery, funcionário da ANP há três anos, diz que foi constrangido pela própria diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, assim que ele defendeu Pietro Mendes em uma reunião convocada pelo superintendente Rafael Moura.
Foto/jamesdean-official.blogspot.com
"Eu vi que Pietro estava sendo pressionado e não apenas eu, toda a nossa área considerou que a autuação de Pietro estava correta", disse o já tido e havido como inoportuno e caro colega.
No resumo dessa ópera bufa, a autuação à empresa de Eike Maravilha foi cancelada no dia 15 de março e o processo foi diligentemente encaminhado para outro técnico.
Pietro Mendes, no entanto, não se cala e denuncia que outro processo também relativo à questões de segurança da plataforma da OGX, iniciado no já longínquo 30 de maio de 2012, está engavetado desde 8 de junho daquele antigo ano. E assim caminha a humanidade.