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terça-feira, 23 de abril de 2013

DE FÊNIX A PÍNDARO
Hoje é o primeiro dia do tempo que a justiça brasileira leva para fazer justiça. Os advogados de defesa derrotados no julgamento do mensalão ressurgem das cinzas e abrem suas asas rumo ao sol da liberdade. Hoje, estão entre Fênix e Píndaro. Amanhã, as plumas podem derreter. Em todo caso, para o inchaço de seus egos monumentais, vai decorrer um bom espaço de exposição entre o hoje e o amanhã. Dessa pandilha de Dirceu ninguém vai para a cadeia antes do ano que vem. E então se alegará, pela proximidade da eleição, que se trata de um julgamento político. Oxalá ninguém esqueça que são corruptos e quadrilheiros. Podem andar à solta - isso é banal no Brasil - mas ninguém é inocente.

OS NOVOS RÉUS
Os embargos de defesa, na prática, são um novo julgamento. Com a nova escalação feita por Dilma no Supremo, o tribunal pode passar de último bastião, última fortaleza da lei, da ordem e da justiça, a um reles e enorme forno de pizza. Hoje, o STF começa a ser refém dos escabrosos trâmites legais. É como se o julgamento começasse outra vez, com cada ministro no banco dos réus. Depois de adquirir credibilidade pública e de passarem à nação uma expectativa de verdadeira justiça, os juízes estão à beira do precipício que joga a população ao desencanto e à desesperança. A partir de hoje, tudo que o Supremo fez valer, pode não valer nada.  

AVESTRUZES E PAVÕES
Na zoologia do crime, entre o bandido das ruas e o malfeitor da máquina pública, há uma enorme diferença de comportamento. É coisa assim como o avestruz e o pavão. Para o bandido flagrado em delito, quanto mais ele se esconder, quanto mais enfiar a cara no chão, tanto melhor se sentirá; para o malfeitor contumaz, quanto mais ele aparecer, mais ele abana a cauda na cara da gente.