Domingo é dia de futebol...
Ai que pena que me dá.
Que pena que me dá... A cada tarde domingo, a cada jogo de futebol, da primeira à quinta divisão, ver a galera perfilada, os atletas enfileirados e as fanfarras espertas entoando o Hino Nacional Brasileiro.
Ao invés de sentimento de orgulho, me acometo de desencanto, acorde por acorde. Acorda, Brasil! Esse espetáculo não é patriota; é patacoada entoada até de forma respeitosa por seus intérpretes que já vislumbram no cântico os seus 15 minutos de fama; é cantilena obrigatória, interpretada de cima para baixo, por determinação de comandantes de federações e organismos políticos vestidos de cartola e colarinho branco.
O hino foi criado para exaltar o amor à pátria, à ordem, ao progresso, à união de um povo, à justiça e igualdade social e deve ser executado em continência à Bandeira Nacional; por força de lei ao presidente da República seja lá quem ele for; ao Congresso Nacional, mesmo sendo o que é; e ao Supremo Tribunal Federal, com todo respeito.
Deve ser executado também em outros casos e outras ocasiões seguindo regulamentos de continência ou cortesia internacional.
Sua execução é ainda - e aí é que a coisa pega - permitida na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos esportivos internacionais.
Vai ver que o Corinthians jogou neste domingo num país quase amigo, conhecido pelo nome de Lins, lugar distante cerca de 430 Km de São Paulo. Sua economia alimentava-se antes da produção de café, agora vive de escolas. Por isso mesmo, um lugar perigoso para a estabilidade governamental, já que por lá seus habitantes acreditam em educação. Daí e por isso mesmo então, mais uma execução faustosa do hino brasileiro.
Desde 22 de setembro de 2009, o hino nacional brasileiro tornou-se obrigatório em escolas públicas e particulares de todo o país. Ao menos uma vez por semana todos os alunos do ensino fundamental devem cantá-lo. Então você, que não é natural de Lins, pergunte à diretora da escola do seus filhos, se ela está sabendo disso.
E se sabe, por que os seus filhos não decoraram até agora a letra, ou entenderam o que é mesmo que Joaquim Osório Duque Estrada estava querendo dizer com aquele palavreado escorreito e castiço nessa música tão bonita.
Ai que pena que me dá.