PAULO ROBERTO COSTA
NÃO É MARCOS VALÉRIO
O direito à delação premiada é mais que um dever da Justiça; um ato de humanidade.
Essa coisa de ser mau companheiro nas horas brabas dessa vida boa que vem levando está deixando o PT em polvorosa e em maus lençóis.
Não, os maus lençóis não têm nada a ver com a farra de aniversário daquele octogenário então ministro do Turismo num motel com dinheiro público.
E não, também não tem nada a ver agora com a Operação Porto Seguro que desmantelou o governo paralula em São Paulo e deu chá de sumiço na outrora desenvolta Rosemary Noronha, a querida Rose de de tantos e tantos telefonemas e de tantas e tantas emoções.
Essa coisa que deixa em polvorosa o PT, às vésperas de mais uma eleição, tem tudo a ver com o abandono a que foi relegado o ínclito Paulo Roberto Costa, ex-companheiro bom e batuta, ex-diretor da Petrobrás, preso na Operação Lava Jato.
Essa coisa que arrepia o PT, fortaleza e sustentáculo da mais moderna e, digamos, esquisita moralidade política aqui do lado debaixo do Equador, tem tudo a ver com um fantasma deveras assustador que é conhecido pelo temível nome de Delação Premiada.
Paulo Roberto Costa, jogado às feras e sem o respaldo e o respeito que outrora gozava nas hostes do partido e nas fileiras petetizadas da Petrobrás, não vê motivos para carregar sozinho o peso dos cambalachos que desvalorizaram a companhia em mais de 59% no valor de mercado e lhe impuseram a carga pesada de uma dívida líquida de R$ 221 bilhões.
Ele está com o pé que é um leque para recorrer à delação premiada e botar a boca no trombone. Se contar tudo que sabe, desde as negociatas na Petrobrás até à participação de autoridades de todos os calibres nas burras públicas, os caciques que hoje formam a elite do PT vão dançar a dança da chuva. E se molhar.
Paulo Roberto Costa não quer ser a mais nova versão do amedrontado Marcos Valério e pegar sozinho uma cana braba de 40 anos em regime fechado.
Paulo Roberto Costa hoje é um homem-bomba e, pelo visto, não tem a menor vocação para ser um suicide bomber. Conceder-lhe o direito da delação premiada é muito mais que um dever da Justiça, um gesto de humanidade.
Hoje, não há nada com o que mais se pareça o ex-companheiro bom e batuta Paulo Roberto Costa do que com um arquivo-morto.
E, para azar e tormento do PT, de Lula, de Dilma, de Gracinha Foster, dos grandes conselheiros e consultores dessa Petrobrás de Pasadena, dessa Petrobrás de Okinawa, de San Lorenzo na Argentina, da África, de Pernambuco, de escândalos similares e genéricos, o que Paulo Roberto Costa menos quer na vida é se parecer com Marcos Valério.