NOTÍCIA É A VERSÃO QUE ESTÁ NAS ENTRELINHAS

sábado, 29 de março de 2014

O DIA SEGUINTE

Eis que se aproxima o dia 31 de março. Chega-se então às bodas de ouro do Golpe de 64. Há quem queira comemorar 50 anos de ditadura. Há quem esteja celebrando isso há 50 anos com cara e jeito de quem festeja uma democracia.

Os primeiros festeiros comemoram por saber que o regime totalitário continua o mesmo, apenas com as devidas maquiagens dos camarins do poder. Os outros alegres espigaitados se gabam, se lambuzam e louvam a democracia que criaram para si mesmos.

Há quem pretenda nobilitar o golpe que tirou Jango do governo e o mandou para os cassinos de Montevidéu, Piriápolis, Punta del Este. Há quem pretenda gandaiar a redemocratização que urdiram, a partir da presidência de Sarney em 1985, para submetê-la as suas próprias vontades e a seu bel prazer.

Vem aí o dia 31 de março. A perspectiva é esta mesma há 50 anos. Há duas pandilhas celebrando a data solene. Ao povo resta a triste realidade de comemorar há in/justos 50 anos o chumbeado dia seguinte, The day after.

Há 50 anos os brasileiros festejam o 31 de Março no 1° de Abril - Dia da Mentira. O dia seguinte que nasceu na França, no século XVI, tempo em que se mandava convite para festas que não existiam.

Hoje é o dia em que, irônica e tristemente, a nação brasileira constata que o pior de uma democracia é quando, para parecer melhor, ela se compara com uma ditadura. Eia pois, 31 de Março! Salve, salve o Dia 1° de Abril.