UM PAÍS SEM VERGONHA
DE SER SEM-VERGONHA
O brado retumbante dos militares que depuseram João Goulart e implantaram a Redentora em 1964 foi contra a corrupção e a sem-vergonhice que assolavam o país. Hoje, a corrupção é o selo oficial do poder dominante no Brasil da Silva. E a sem-vergonhice é só o jeito de ser que o governo nos ensinou.
E enquanto se espalham pelo país afora e a dentro marchas de grupos indignados contra a corrupção oficial e oficializada, contra os péssimos serviços de saúde, educação, transporte, segurança e contra as oceânicas diferenças sociais, os militares já não são mais aqueles. Sequer têm um comandante que se anime a olhar a president@ da República nos olhos para lhe dizer que vai fazer o que tem que fazer: cumprir a lei.
É que Enzo Peri, general comandante do Exército não se anima a cumprir o decreto que determina cassar a medalha do Pacificador de corruptos condenados e encarcerados como Zé Genoíno, Valdemar da Costa Neto e João Paulo Cunha.
Os marchadores pela Tradição, Família e Propriedade e seus similares podem tirar o cavalinho da chuva que a ditadura não volta tão cedo pelas vias das chamadas forças nacionais.
E nem é isso que o Brasil precisa. O que a nação merece é uma reforma moral, antes de qualquer outra dessas reformas anunciadas que serão promovidas justamente por quem hoje tem o domínio dos fatos. O Brasil da Silva é um país sem-vergonha. E porque é sem-vergonha não se envergonha de ser o que é.
O BLOCÃO DOS DESCONTENTES
JÁ ESTÁ FICANDO SATISFEITO
Enquanto isso, o blocão dos descontentes já não é também mais aquele. Ficou reduzido às siglas PMDB, PTB, PR e PSC. Tome nota aí, vai passar nesta semana que começa o Marco Civil da Internet. E você perderá a liberdade de expressão, o referencial mais forte de que ainda desfrutamos de uma das grandes falsas verdades da democracia. As outras duas são a Liberdade de credo e de pensamento.
Aos poucos, nesses 30 anos de "redemocratização" - desde a presidência de Sarney em 1985 para esses tempos de Dilma - a democracia da Silva foi sendo instalada pelo mesmo grupelho de sempre com alguns líderes de carona como FHC - hoje escanteado- Lula, Dilma, Renan Calheiros, Zé Dirceu, Genoíno, Gilberto Carvalho, Collor e outros travestidos de empreiteiros, fraudadores de licitações, banqueiros, consultores, sindicalistas de gaveta e pelego, presidentes de institutos, ONGs e dirigentes das chamadas forças vivas da sociedade.
ESCÂNDALO, O COMBUSTÍVEL
E então, em boa hora, o escândalo de Pasadena veio à tona e veio também o escândalo da refinaria do Japão. Até outubro, esses dois escândalos vão render nas urnas os mesmo votos que elegeram Lula pelos mais de 200 escândalos do seu tempo de presidente oficial da República. O escândalo é o grande combustível que dá autonomia de voo às viagens fantásticas rumo à sessões eleitorais.
CURSINHOS DE REVOLTA
Essas marchas "da família com Deus pela liberdade" ou coisas parecidas botaram mais polícia nas ruas do que manifestantes. São híbridas. Não se sabe se são políticas ou evangelicais. Ninguém quer ser nem uma coisa, nem outra.
A triste realidade é que não há um fundo de poço, uma grota nos confins desse país que não saiba que o regime dominante no país é corrupto, não tem programa de governo e só alimenta o seu plano de poder. O que o Brasil precisa hoje é sistematizar e organizar a sua alma nacional indignada.
Quem sabe, ao invés de cursinhos pré-vestibulares, a gente cria cursos intensivos de revolta urbana pacífica, ordeira, séria e honesta?!? E aí então faz uma prova tipo Enem, para ver quem é aprovado como líder das massas em cada estado da Federação. Quem sabe... Pois é quem sabe, sabe.
TIRO NO PÉ DELE
Como Pasadena está na moda - a refinaria do Japão é safada também, mas não tem tanto charme - saiba que o Brasil comprou em 2006 apenas 50% da velha refinaria texana que tinha custado aos seus donos US$ 42,5 milhões. A Petrobras comprou a metade de Pasadena então por quase US$ 360 milhões, quase dez vezes mais que o imerecido, já que a refinaria estava dando os doces.
Pois, descontente com o péssimo negócio realizado, os arautos e vassalos do governo Lula fizeram de tudo para comprar o resto, no glorioso dia 3 de março de 2008 por módicos US$ 788 milhões. Pelo menos foi o que a diretoria da estatal propôs ao Conselho de Administração.
A proposta indecente tinha então um valor superestimado em 116% com relação ao que havia sido pago dois anos antes. Dilma Vana era, na época, a president@ do conselhão. A negociata não saiu. E assim é que hoje se entende perfeitamente, porque Lula saiu atirando agora contra Dilma, dizendo que ela "deu um tiro no pé". É que o tiro foi no pé dele.